REVIEW DE ROGUE ONE: A STAR WARS STORY

Por J. B.

Na noite do dia 20 de dezembro tive o imenso prazer de assistir a um dos melhores filmes de 2016, Rogue One: A Star Wars Story, o primeiro spin-off da franquia criada por George Lucas, que é um verdadeiro filme de guerra, onde nos deparamos com perdas constantes, onde somos apresentados a batalhas no solo, que nos remete diretamente ao Dia D. 

E que filme foi esse, não tinha muita pretensão com essa aventura, principalmente por saber que não teríamos Jedis e nem Lightsaber, porém fui me surpreendendo a cada minuto que via, sob outros olhos a Guerra Civil que havia se instalado na galáxia.  Diferente dos demais filmes da franquia, onde a luta entre o bem e o mal, representado inicialmente entre a Aliança e o Império, e mais recentemente entre a Resistência e a Primeira Ordem, era separada de forma concreta. 

Já em Rogue One vemos que as coisas não são bem assim, descobrimos que os rebeldes, para terem alguma vantagem em seu objetivo de derrotar o Império, tiveram que ter algumas atitudes não tão nobres, descobrimos que além dos habilidosos pilotos de X-Wings, fazem parte da Aliança sequestradores, espiões, sabotadores e, pasmem, assassinos.

Equipe Rogue One

Além de alguns membros mais radicais, como é o caso da célula rebelde liderada pelo Saw Gerrera, personagem oriundo das animações de Star Wars, que é vivido pelo ator Forest Whitaker. Saw Gerrera exibe em seu corpo e mente, características de uma pessoa que passou por experiências profundamente traumáticas nas mãos de inimigos sem escrúpulos e, portanto está pronto para revidar à altura, custe o que custar, sofra quem sofrer.

Vemos que desta vez os personagens tem plena consciência de que possuem sangue de inocentes em suas mãos, mostrando que, assim como nas demais guerras, essa GUERRA nas estrelas possui seu lado cinza, onde ninguém é 100% bom e nem mal (tirando os Sith é claro).

Saw Gerrera

Com uma direção primorosa de Gareth Edwards, em cima de uma história desenvolvida pela dupla Tony Gilroy e Chris Weitz, a Disney nos entregou um longa que teve o respeito que o cânone merece, coisa que o Sr. George Lucas não teve ao fazer os intragáveis The Phantom Menace, Attack of the Clones e o quase tolerável,  Revenge of the Sith. Aqui vemos uma produção carregada de personalidade e, principalmente, diferente de tudo que já havíamos presenciado nessa galáxia muito, muito distante.

O diretor Edwards consegue criar ambientes palpáveis, vivos, nós conseguimos sentir o peso dos AT-STs, que são usados para monitorar as ruas da cidade sagrada de Jedha. O tamanho da ameaça dos AT-ATs que surgem entre as palmeiras das praias de Scarif. As sequências de ação, sejam nos embates de X-Wings com os Tie-Fighter no espaço ou o confronto entre as tropas Rebeldes com os Stormtroopers em terra firme, são sempre bem estruturadas, garantindo que explosões e acrobacias façam parte dos conflitos, a destruição revela seu alcance pela elegância com que preenche lentamente a tela enquanto efeitos visuais e práticos se misturam com perfeição.

Jyn Erson e Cassian Andor

Falemos agora dos personagens, que desde 1977 são o cerne do Universo de Star Wars, e Rogue One: A Star Wars Story não deve nada as outras produções da franquia, começando pela dupla Donnie Yen e Wen Jiang, que interpretam, respectivamente, Chirrut Îmwe e Baze Malbus, remanescentes dos tempos em que a Força e os Jedi não eram apenas lendas, é delicioso de se ver na tela a amizade que os une, os dois atores conseguem passar para nós a sensação de que esses dois companheiros estão juntos há muitas décadas, que já se acostumaram a se aturarem, tudo isso com doses certas de humor, principalmente em relação às peculiaridades um do outro. Também temos a presença de Bodhi Rook, interpretado por Riz Ahmed, um piloto de um cargueiro imperial, que resolver deserdar e se aliar aos rebeldes, como forma de encontrar redenção. Rook se mostra de vital importância no desfecho do filme. 

Chegamos na outra dupla do filme, Cassian Andor, vivido por Diego Luna, um filho da guerra que coloca os interesses da Aliança Rebelde acima de tudo e de todos, junto com Andor somos apresentado ao mais novo droid desde vasto universo, trata-se de K-2SO, um droid do Império que foi capturado e teve sua programação refeita, K-2SO tem a voz e a interpretação do ator Alan Tudyk. Ele é um show à parte, acometido por uma sinceridade fora do comum, não hesita em falar a verdade, mesmo nos momentos mais sensíveis e impróprios, e não se importa em agradar ninguém ou em obedecer cegamente aos comandos recebidos, ele é um tour de force magnífico tamanha é sua “realidade” ao contracenar com os atores e lidar com os cenários físicos ao seu redor.

Krennic e seus Darktroopers

Falando da personagem principal, a ex-prisioneira do Império, Jyn Erson, interpretada pela Felicity Jones, que mantém a tradição de set uma personagem feminina forte, corajosa e destemida, assim como Padmé Amidala, Princesa Leia Organa e a sucateira Rey.

Jyn se junta a Aliança Rebelde para participar de uma missão que envolve uma mensagem secreta enviada por seu pai, Galen Erso, cientista essencial ao Império, vivido por Mads Mikkelsen, a mensagem consiste na revelação de que existe uma falha proposital, deixada pelo próprio Galen no mais audacioso projeto do Império, uma arma capaz de destruir planetas com seu poder de fogo, batizada de Estrela da Morte, trazendo a tão esperada busca pelos planos da arma.

Já Krennic, Diretor da Estrela da Morte e interpretado por Ben Mendelsohn, se mostra um personagem menos ameaçador do que deu a entender em artes promocionais e trailers, na realidade ele se encaixa completamente na hierarquia burocrática que conhecemos do Império e ganha consistência nas suas interações com membros do alto escalão, incluindo Darth Vader.

A trilha sonora, composta por Michael Giacchino, ainda que não nos traga nenhum tema que seja verdadeiramente memorável, consegue cumprir com sua função narrativa, e chega a herdar algumas  das icônicas melodias compostas pelo mestre John Williams. Seu trabalho, consegue nos entregar versões novas de outras pré-existentes da saga. O fã de longa data de Star Wars, assim como eu, certamente irá esboçar um sorriso ao reconhecer algumas delas.

Rogue One: A Star Wars Story é um produção que consegue trazer ideias novas, mesmo sem possuir os símbolos aos quais estamos acostumados, além de conseguir atestar que essa é uma pequena parte de algo muito maior dentro da história de Star Wars, que consegue se arrisca em alguns momentos, ao dar novas nuances para as já clássicas batalhas entre a Aliança Rebelde e o Império Galáctico, sem jamais esquecer suas origens. Ele nos proporciona uma experiência de calorosos momentos de reconhecimento, em falas, aparições e detalhes que garantem uma conexão única no cinema, nos permitindo descobrir em detalhes o real significado daquele texto escrito no longínquo ano de 1977, no inicio do já clássico Star Wars IV - A New Hope.

"I am one with the Force, the Force is one with me!"

                                               (Chirrut Îmwe)

Nota: 10.

Trailer I:

Trailer II:

Trailer III: