Este Tropa de Elite 2, tal qual o original, é novamente comandado pelo diretor José Padilha, que escreveu o roteiro do filme junto com Bráulio Mantovani. Após uma ação do BOPE no presídio de Bangu I que trouxe graves repercussões políticas, os dois líderes do batalhão, o Coronel Nascimento e o Capitão Mathias (André Ramiro) tiveram “punições” diferentes. Nascimento assume o cargo de Subsecretário de Segurança Pública. Já Mathias é usado como bode expiatório pelo governo e expulso em desonra do BOPE.
Nascimento fica em uma posição mais efetiva na luta contra o tráfico,porém descobre que a situação não é tão simples quanto ele pensava, percebendo que as raízes da corrupção são bem mais profundas do que meros policiais subornados por traficantes.
Esse filme mostra a realidade política ao qual o Brasil está mergulhado. Sua violência é tão explícita quanto a hipocrisia política de seus “vilões”, sendo difícil saber qual das duas provoca mais revolta e asco junto ao público
O elenco é mais uma vez o ponto forte do filme. Wagner Moura entrega uma performance memorável como o Coronel Nascimento, revelando a cada instante sua frustração perante seu verdadeiro inimigo.
Irandhir Santos se destaca no papel de Fraga. Um personagem tão forte quanto Nascimento, seria muito fácil transformar um ativista social em uma figura caricata, mas Fraga não só é um contraponto inteligente ao Coronel.
André Ramiro pouco aparece, mas aparece bem, de volta ao papel de Mathias, Ramiro possui duas cenas bastante especial (ambas ao lado de Wagner Moura) em que o ator se apresenta no mesmo nível que Moura, mostrando que Mathias está longe de ser aquele rapaz idealista do começo do primeiro filme.
Outro destaque é Milhem Cortaz, como o covarde e corrupto Coronel Fábio. André Mattos dá um show como um demagogo apresentador de programa policial sensacionalista que se torna um político hipócrita. Sandro Rocha retorna como o Policial Rocha, líder das milícias, nova facção criminosa que se apresenta.
Tecnicamente, o longa é perfeito, com Padilha trabalhando com a mesma equipe do original. Montado por Daniel Rezende de modo que se torna impossível tirar os olhos da tela um momento sequer, “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” hipnotiza por seu ritmo empolgante e pelo trabalho fenomenal de câmera realizado em suas cenas de ação.
A evolução mostrada nos temas e na técnica do primeiro filme para este não desmerece de modo nenhum o longa original, que ganha ainda mais força ainda com o crescimento pessoal de Nascimento na sequência. “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” é uma obra forte e ousada, que não se furta em expor os problemas de uma sociedade doente e de um sistema político moribundo.
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